domingo, 30 de maio de 2010

Marketing no Brasil', por Marcos Cobra,2003


Um resumo do percurso do Marketing brasileiro
(extraído da introdução do livro do Professor Marcos Cobra – Administração de Marketing no Brasil. Cobra Editora 2003).

A origem do marketing.

A expressão anglo-saxônica Marketing, deriva do latim “mercare”, que definia o ato de comercializar produtos na antiga Roma. Enquanto tudo o que se produzia era vendido, ou melhor, era comprado, não havia a necessidade de um esforço adicional de vendas e, portanto, o Marketing era desnecessário. Somente no século passado constatou-se a necessidade do Marketing... Tanto que ele foi criado. Onde? No coração do capitalismo, nos EUA, na década de 40. E de lá para cá, ninguém conseguiu fazer mais sucesso do que eles, os americanos, pelo menos nesta área.

O marketing vem evoluindo da soberania do produto, para a soberania do cliente.

“Marketing é uma forma de sentir as oportunidades de mercado e desenvolver produtos e serviços”.

Há quatro eras na história de marketing

1. A era da produção. Até meados de 1925, muitas empresas nas economias mais desenvolvidas do Oeste Europeu e dos Estados Unidos estavam orientadas pela produção. Não havia preocupação com a venda, uma vez que praticamente tudo que se produzia era vendido. Não havia preocupação com vendas e marketing não existia.
2. A era da venda. Entre 1925 e o início dos anos 50, as técnicas de produção já estavam dominadas, e na maioria das nações desenvolvidas, a preocupação era com o escoamento dos excedentes de produção. Uma empresa com orientação para vendas era aquela que assumia que os consumidores iriam resistir em comprar bens e serviços que não julgassem essenciais. Para subsidiar o trabalho dos vendedores, as empresas começam a anunciar seus produtos, na expectativa de que os consumidores abririam suas portas para receber os vendedores, principalmente os de venda domiciliar, como aspiradores de pó Electrolux, cosméticos Avon, carnê do Baú da Felicidade, enciclopédia, listas telefônicas e tantos outros produtos e serviços.
3. A era do marketing. Após a segunda guerra mundial, surge nos Estados Unidos a explosão da população denominada “baby boomer”, ou seja, com a volta dos soldados da 2ª.guerra mundial, nascem muitas crianças, fato esse animador do mercado de: fraldas, alimentos infantis, medicamentos, roupas, brinquedos etc. Logo após há uma outra explosão de teenagers – adolescentes ávidos de consumo de som, roupas, comida e uma parafernália de produtos e serviços.
4. A era do marketing digital. A Internet e o comércio eletrônico que veio na sua esteira estão mudando os hábitos de comunicação e consumo. Se consumo praticamente de tudo a partir do computador, de serviços de turismo, a compras de supermercado, roupas, eletro-eletrônicos, roupas, livros, discos enfim de tudo. É o e-ticket substituindo passagens aéreas, e inúmeros outros serviços, como vouchers de hotéis, ingresso para espetáculos musicais e teatrais, etc.


As escolas pioneiras

Quando a pioneira Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, em 1954, introduziu o conceito de marketing, o fez segundo o Professor Dílson Gabriel dos Santos acompanhada da Faculdade de Administração e Economia da Universidade S.Paulo o fez aportuguesando a expressão para “mercadologia”. Com o passar dos anos, no entanto, a palavra em inglês ganhou força e a própria EAESP acabou abandonando o neologismo e adotou o termo inglês para a disciplina que estuda as complexas relações entre consumidores e produtores de bens e serviços. Isso aconteceu no final dos anos 90.

No Brasil da década de 50, não havia ainda profissionais de Marketing. Os profissionais responsáveis por vendas faziam parte dos departamentos comerciais das empresas. Somente após a criação da EAESP da Fundação Getúlio Vargas e com os esforços de duas outras escolas também pioneiras, a Escola Superior de Propaganda, hoje ESPM, Escola Superior de Propaganda e Marketing, e a Escola Superior de Negócios do Padre Sabóia, é que as funções de pesquisa de mercado e gerência de produtos começam a ser valorizadas, deixando de ser apenas temas importantes nos currículos acadêmicos e ganhando status de gerência nas organizações industriais e comerciais.


As empresas pioneiras

Do lado empresarial, algumas empresas multinacionais como Gessy, denominada, a partir da década de 50, Gessy-Lever, a Refinações de Milho Brasil, a Johnson & Johnson, a Kibon e algumas outras começam a introduzir em seus organogramas a função de Gerente de Produto. A expressão Marketing já era de uso dessas empresas mas o acesso aos organogramas somente aconteceu a partir dos anos 60, mesmo assim, ainda como função de staff.

O todo poderoso do mercado ainda era o Gerente Comercial. Mas os anos 70 foram marcantes para o Marketing brasileiro e os profissionais formados pela EAESP–FGV começaram a assumir postos de mando na área de Marketing na Hublein, na Souza Cruz, na Kibon, na Lever, na Johnson & Johnson, na Refinações de Milho Brasil e outras empresas pioneiras na implantação de Administração de Marketing.


A adoção do conceito de marketing no Brasil

Com a maior projeção da ESPM, que antes abrigava sobretudo profissionais da área de propaganda, e com a força da EAESP e da FEA da USP, é que o Marketing no Brasil ganha expressão. Hoje, na presidência das principais empresas que atuam no Brasil, estão profissionais formados em administração de empresas com carreira em Marketing.

Surgiram então os professores pioneiros como Polia Lerner Hamburger, Orlando Figueiredo, Raimar Richers, Haroldo Bariani, Affonso Cavalcanti de Albuquerque Arantes, Alberto de Oliveira Lima, Gustavo de Sá e Silva e Bruno Guerreiro (que deixou de ser locutor do Repórter Esso para seguir a carreira acadêmica), pelo lado da EAESP da FGV; a FEA- Faculdade de Economia e Administração da USP contou com Dílson Gabriel dos Santos, Marcos Campomar, Alexandre Berendt, Geraldo Luciano Toledo; e ainda Roberto Duailibi, Otto Scherb, José Roberto Witaker Penteado, Aylza Munhoz entre outros, capitaneados na ESPM pelo Professor Francisco Gracioso.

É sobretudo graças ao esforço dessa plêiade de professores missionários, os lembrados e tantos outros que a memória não alcançou, que o Marketing no Brasil é o que é hoje. O Marketing deixou de ser tabu e chegou a uma multiplicidade de áreas - sociais, políticas, religiosas, de saúde, de cultura, de esportes - enfim, até onde a criatividade permite.


A propaganda brasileira

A propaganda brasileira é uma das mais criativas do mundo e o Marketing no Brasil, que se espelha em uma realidade de um país em crescimento acelerado, é hoje fonte de referencia mundial para a disseminação da cultura e do conhecimento mercadológico.

Vale então lembrar que a força criativa da propaganda brasileira deu forças às asas do Marketing no Brasil. Profissionais pioneiros como Milton Luz, e fundamentais como Roberto Duailibi, Alex Pericinoto, Mauro Salles, Geraldo Alonso, Renato Castelo Branco Rino Ferrari, Marcio Moreira – internacionalmente – Petrônio Correia e tantos outros. E mais recentemente, Júlio Ribeiro, Washington Olivetto, Nisan Guanaes, Eduardo Fisher, Stalimir, Roberto Justus, Afonso Serra, Agnelo Pacheco, Flávio Correia, Sergio Amato,Cristina Carvalho Pinto, Flavio Conte, Petit, Zaragoza e tantos outros que tem tornado a propaganda brasileira das mais admiradas e valorizadas

Compreender o comportamento do consumidor, entender as técnicas de pesquisa de mercado, de gerenciamento de produtos e de clientes, de administração da distribuição e logística são apenas alguns dos temas que, associados à propaganda tornam o Marketing um prato saboroso para ser degustado em assuntos sociais e profissionais.


O Marketing na América Latina

Na Argentina, a área de administração de empresas levou um tempo maior para ser definitivamente aceita, mas a Mercadotecnia do Professor Alberto Levy sempre teve ampla aceitação e prática, sendo ele hoje uma personalidade do marketing latino-americano, com mais de 40 livros editados sobre o tema Marketing e Estratégia.

Hoje o México se rivaliza com o Brasil em termos de melhores escolas de administração de empresas e de Marketing, sendo que a Universidade de Monterrey, segundo a revista América Economia, registra um desempenho que em alguns anos superou a nossa EAESP – da FGV no ranking de 1ª. Escola da América Latina, sobretudo com a Escuela de Marketing de Servicios, coordenada por Javier Renoso.


A literatura de marketing no Brasil

A grande força do marketing atual é resultado também do apoio da mídia de negócios como Exame, Gazeta Mercantil, Carta Capital, Valor Econômico, e outras da mídia especializada como: Editora Referencia – caderno Propaganda & Marketing, Marketing, Revista Propaganda, Mercado Global, Revista About, Revista Meio & Mensagem.


Livros indicados

Dentre os livros texto de marketing mais indicados para uso nos cursos de administração, destacavam-se os seguintes títulos, segundo, pesquisa realizada pela ANGRAD – Associação Nacional dos Cursos de Graduação em Administração, em 2001, apareceram:




Dos livros pioneiros de marketing editados no Brasil de autores brasileiros destacam-se:

- Editado pela Fundação Getúlio Vargas: Mercadologia. Professores fundadores da EAESP – FGV, sob coordenação do Professor Raimar Richers;

- Editado pela Fundação Getúlio Vargas: Administração Mercadológica. Professor Raimar Richers e outros professores da EAESP-FGV;

- Editado pela Atlas: Marketing Básico. Roberto Simões.

Como se observa, a Editora da Fundação Getúlio Vargas e os professores da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV foram pioneiros na introdução da literatura de marketing no Brasil. E a Editora Atlas, uma das primeiras editoras brasileiras a se preocupar com a área de Marketing é a que mais títulos tem editado entre os livros indicados.
 
O Marketing no Brasil ganhou força e expressão mais ainda é um assunto de predomínio de literatura norte-americana. Na Argentina, há um melhor equilíbrio no uso de literatura de administração européia, norte-americana e argentina.

Portanto, nós, autores brasileiros de marketing, precisamos deixar de lado a baixa auto-estima e acreditar que o estudo do comportamento do consumidor, das técnicas de pesquisa de mercado, da propaganda e de outras áreas de conhecimento aplicados ao marketing pode ter uma melhor divulgação pela sua elevada aplicabilidade.

Se a propaganda brasileira e o marketing aplicado no Brasil são reconhecidos mundialmente como sendo da melhor qualidade, é preciso que os nossos professores e profissionais de Marketing deixem a timidez de lado e... publiquem!

domingo, 16 de maio de 2010

Baden Powell, 1967 - Guitar Festival Workshop, Berlim



Baden Powell de Aquino nasceu em Varre-e-Sai, em 6 de agosto de 1937 e faleceu no Rio de Janeiro em 26 de setembro de 2000. Seu pai era um grande entusiasta do escotismo e deu ao filho o nome em homenagem ao Barão inglês Robert Baden-Powell. Sua família se mudou para o Rio de Janeiro quando ele tinha apenas 3 anos e Baden começou a estudar violão clássico desde cedo.

Ele estudou com Meira (Jayme Florence) e logo se revelou um prodígio no instrumento. O que Baden fez pelo violão brasileiro não tem preço. Ele trabalhou apaixonadamente por mais de 40 anos e viveu na França e na Alemanha por muito tempo.

Seu estilo agressivo e único de tocar influenciou dezenas de outros violonistas e sua influência continua se fazendo presente mesmo entre as gerações mais novas. Baden era excelente como instrumentista, compositor e arranjador. Algumas de suas músicas ganharam letras escritas por poetas famosos como Vinícius de Moraes e Billy Blanco e se tornaram sucessos imortais, como Samba Triste, Berimbau e Samba em Prelúdio, as quais continuam sendo gravadas por muitos cantores e violonistas de hoje.

Fonte: http://brazilianguitar.net/index.php?showtopic=81

Um pouco mais de Bresser-Pereira, TV Cultura/2008

1a. Parte da entrevista concedida por Luiz Carlos Bresser-Pereira a Antônio Abujamra, no programa "Provocações" da TV Cultura.

20 anos de democracia, artigo de Bresser-Pereira publicado em 03/04/2005

Artigo do economista Bresser-Pereira, uma grande referência em se tratando do pensamento econômico nacional. Além de acadêmico com vasta produção e professor da FGV-SP, Bresser foi ministro duas vezes, nos governos dos presidentes José Sarney e Fernando Henrique Cardoso. Este artigo de 2005 continua bastante atual.


20 anos de democracia
LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA


O Brasil completou 20 anos de democracia. De uma democracia que foi o resultado de uma grande luta de toda a sociedade brasileira. Surgem, agora, algumas perguntas: além de mais liberdade, trouxe-nos, a democracia, mais justiça? Foi retomado o desenvolvimento que se interrompera em 1980? Consolidou-se a própria democracia?

As respostas às duas primeiras questões são negativas. As desigualdades não se acentuaram -em razão, provavelmente, de um aumento substancial do gasto social-, mas o processo de concentração de renda não foi revertido. Quanto ao crescimento, sabemos que não aconteceu. Os assalariados, especialmente os pobres, não melhoraram seus rendimentos reais, e a renda por habitante, que antes crescia a quase 4% ao ano, nestes últimos 25 anos cresceu menos de 1% ao ano.

A democracia, entretanto, consolidou-se. Sobrevieram crises graves, como a alta inflação, o impeachment de Collor, o escândalo dos anões do Orçamento, crises financeiras -mas a democracia se fortaleceu. Em nenhum momento se pensou que a volta a um sistema autoritário poderia ser uma solução. Nesse processo, porém, verificou-se na democracia brasileira uma paradoxal tendência à diminuição do espaço de escolhas -uma diminuição semelhante àquela que ocorre nas democracias maduras. Nestas, a alternância de poder não é traumática porque existem na sociedade consensos suficientes para que os partidos, que convergem para o centro nas eleições, afinal exibam plataformas políticas muito semelhantes. A diferença entre a esquerda e a direita continua real, mas é pequena.

Ora, o mesmo fenômeno parece estar ocorrendo no Brasil. Embora o povo tenha votado em Lula porque queria mudança, esta afinal não ocorreu. Embora o novo governo seja apenas uma tentativa de cópia do anterior, nem por isso o presidente se desmoralizou e perdeu o apoio dos eleitores. Parece que estes, embora querendo a mudança, reconhecem a dificuldade, e por isso admitem que um partido de oposição
vença as eleições mas nada mude.

O paradoxo da situação está no fato de que no Brasil não existe o relativo consenso que caracteriza as sociedades mais desenvolvidas, especialmente as européias. Nelas, os consensos são possíveis porque o nível de igualdade econômica e social entre as pessoas é grande e porque esses países vivem situações de normalidade econômica e política, experimentando um aumento constante de seus padrões de vida. Nesse tipo de sociedade não há necessidade de decisões fundamentais, e os governos não fazem tanta diferença. Cada nação já conta com um Estado forte, dotado de instituições legitimadas pela sociedade.

Em contraste, no Brasil continuamos a viver tempos anormais, de insegurança, de altas taxas de juros e de quase-estagnação econômica. E não existem consensos razoáveis sobre a natureza de nossos problemas nem sobre como os resolver. Inclusive porque perdemos a capacidade de pensar com a cabeça própria, e estamos sempre esperando que a orientação venha de fora.

Em um quadro como esse, o país precisa, dramaticamente, de bom governo. De governo com visão dos grandes problemas nacionais e com coragem para os enfrentar. Um governo que não partiria do zero, porque o Brasil já conta com um empresariado competente, com uma classe média diversificada, com trabalhadores crescentemente qualificados e já dispõe de um Estado com pessoal e instituições razoavelmente efetivas. Mas há um mar de ações a serem tomadas para que o país possa voltar a pensar por conta própria, ter uma estratégia nacional de desenvolvimento e voltar a crescer. E não há garantia de que possamos ter o bom governo necessário para isso.

A própria democracia, entretanto, nos oferece a saída. É a de chegarmos, nós mesmos, a consensos sobre a natureza de nossos problemas através do debate público. Uma das grandes vantagens da democracia reside exatamente nessa sua capacidade de produzir consensos. Não se trata de uma tarefa fácil, mas é viável,
porque a democracia realmente existe no Brasil. Já não é mais uma simples democracia de elites, na qual o povo entra apenas como figurante, mas é uma democracia de opinião pública, na qual os políticos não têm alternativa senão prestar atenção no que essa opinião diz. E já há nela elementos participativos e republicanos razoáveis, que mostram que a cidadania vai deixando de ser mera retórica.

A democracia brasileira nos oferece, portanto, a oportunidade do consenso sobre como retomar o desenvolvimento, como absorver a mão-de-obra excedente e como reduzir os diferenciais de renda. Esses consensos hoje são poucos e débeis. No momento em que, nos quadros da democracia, materializarem-se e ganharem substância, os governos passarão a agir de acordo com eles. E assim os verdadeiros problemas do país passarão a ser enfrentados.

Seremos capazes de aproveitar essa oportunidade? Sou otimista a respeito, mas a resposta real a esta questão dependerá do espírito republicano de cada brasileiro.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0304200508.htm


quarta-feira, 12 de maio de 2010

A estratégia do medo, artigo de Fernando Rodrigues

Artigo do excelente jornalista Fernando Rodrigues publicado na Folha, em 08/05/2010

A estratégia do medo
FERNANDO RODRIGUES

BRASÍLIA - O PT tem disseminado a noção de que só "uma pessoa que tenha a mesma visão de Lula" será capaz de fazer o Brasil progredir. A afirmação é do comercial petista de 30 segundos veiculado várias vezes na quinta-feira na TV.

A narrativa usa como alegoria a imagem de uma montanha-russa. Quando o carrinho sobe, trata-se de Lula e alguém com a "mesma visão" no comando. Na descida desembestada, as pessoas fazem cara de pânico -uma reação à oposição no poder. Ao final, uma inscrição peremptória: "O Brasil não pode voltar ao passado". É um marketing popular cuja estética se assemelha a obras do lendário diretor de filmes B Roger Corman ou à série de terror "Sexta-Feira 13".

Todos os petistas repetem o mantra à exaustão. "É Dilma ou a barbárie", profetizou nesta semana um jornal do partido. Ontem, Lula disse ser preciso não "deixar esse país regredir". Dilma Rousseff, por óbvio, estava ao seu lado.

Esse tipo de abordagem não é nova na política. Foi exatamente a mesma tática usada por Fernando Henrique Cardoso em 1998, ao tentar a reeleição. Deu certo. Na TV, o tucano era apresentado como "um líder com pulso firme num mundo turbulento". A crise econômica e a memória recente da inflação sepultaram as chances do PT.

Já em 2002, a tática fracassou. A atriz Regina Duarte foi à TV declarar ter medo de uma vitória do PT. Esforço inútil. Lula ganhou e seu marqueteiro inventou a frase "a esperança venceu o medo".

Na eleição seguinte, em 2006, o PT escanteou a esperança e preferiu usar o medo a seu favor. Espalhou de maneira eficaz a interpretação de que o PSDB privatizaria o país inteiro. Lula foi reeleito.

Agora, a história se repete parcialmente. Esta é a primeira eleição na qual a economia estará bem aquecida. Vai dar certo? Não se sabe. Mas há uma incrível similitude e alternância de discursos entre PT e PSDB nas últimas campanhas.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0805201004.htm



Propaganda e política, artigo de César Maia

Artigo do "politico-marketólogo" César Maia publicado na Folha de sábado, 08/05/2010.



Propaganda e política
CESAR MAIA

UMA AMPLA pesquisa sobre eleições presidenciais nos EUA, coordenada pela professora Kathleen Jamieson e publicada em 2000, mostrou que a comunicação política mais eficaz é a comunicação de contraste. Ou seja: eu sou assim, e ele é diferente.

Em comerciais de TV, o impacto era de longe o maior quando comparado com os comerciais negativos (um candidato fala mal do outro) e os comerciais defensivos (assim chamados por Jamieson aqueles em que o candidato fala bem de si e do que fez). Para ela, os comerciais negativos criam uma incomodidade inicial, mas fixam bem mais que os comerciais defensivos. Estes são de muito baixa eficácia.

Neste início de campanha eleitoral, os dois candidatos favoritos usam a comunicação de contraste.

Um diz: compare os currículos. Outro diz: compare os governos. Ambos atuam de forma convergente com o que diz Jamieson. Por outro lado, se realmente os comerciais defensivos têm baixo impacto, não têm razão os políticos que se preocupam tanto com o apoio da imprensa a este ou àquele governo.

Na semana passada, o diretor do jornal "The New York Times", Bill Keller, mostrou sua preocupação com a imagem dos meios de comunicação pela responsabilidade na deterioração da convivência política. Thomas Jefferson dizia que, se tivesse que optar entre democracia e imprensa livre, ficaria com esta última, lembra Antonio Caño em artigo no "El País".

Diz ele que pesquisas recentes atribuem aos meios de comunicação grande parte da culpa pelo atual clima de tensão política nos EUA. Entre os nomes promotores do ódio, diz Caño, estão os jornalistas G. Beck, da Fox News, e R. Maddow, da MSNBC. Beck pela direita, e Maddow pela esquerda.

Afirma Caño que o "The Wall Street Journal" adotou um tom belicoso e parcial desde que R. Murdoch assumiu seu controle, em 2007. E registra que o jornal é o único dos 25 maiores dos EUA que aumentou sua circulação no último ano, assim como a TV de Murdoch, que passou a liderar a audiência entre as redes de notícias.

Nas conclusões de Jamieson, se os comerciais negativos são mais eficazes que os comerciais defensivos, é possível que campanhas negativas pela imprensa rendam mais leitores e audiência aos meios que as utilizam. Mas daí a concluir que além da circulação e da audiência isso afete o quadro político há enorme distância.

Grondona, em sua coluna no "La Nacion", na semana passada, lembrou que Perón disse certa vez: "Quando tivemos quase toda a imprensa contra, ganhamos, mas quando controlamos quase toda a imprensa, perdemos". Ou seja: é tão inócuo governos tentarem manipular a imprensa quanto a imprensa tentar manipular governos.


Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0805201006.htm

terça-feira, 11 de maio de 2010

João Gilberto, 1983



Melhor do que o silêncio. João Giberto e seu canto manso, capaz de acalmar quaisquer angústias. O vídeo histórico mostra participação sua no programa Trama Radiola,TV Cultura/1983.

O nosso é um bazar de cultura

Bazar segundo Wikipedia

"Um bazar é um mercado, frequentemente coberto, comum em áreas de influência islâmica, mas não exclusivamente. O nome vem da palavra persa bāzār, que por sua vez deriva do pahlavi baha-char, que significava "o lugar dos preços".

Em um bazar podem ser encontrados vários tipos de produtos, eventualmente também objetos inusitados ou exóticos, a preços mais baixos.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Bazar